quinta-feira, 16 de maio de 2013

No andamento da pesquisa  "BRINCADEIRAS DE MUITOS TEMPOS E LUGARES: PROJETO DE RECUPERAÇÃO, SISTEMATIZAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DAS MEMÓRIAS DA INFÂNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DA CRECHE PRÉ-ESCOLA CENTRAL SAS/USP e ESCOLA DE APLICAÇÃO DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA USP", os pesquisadores indicaram para leitura do grupo a tese de doutorado Jogos, brinquedos e brincadeiras – Trajectos intergeracionais, de autoria de Alberto Nídio Barbosa de Araújo e Silva, defendida na Instituição da Educação da Universidade do Minho, Portugal.
Resumo:
Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras são ferramentas imprescindíveis na construção da cultura lúdica das crianças. Nas práticas lúdicas das crianças concretizase,
quase desde o dealbar de cada vida, uma boa parte do processo de socialização do indivíduo, vivido de forma autónoma pelos grupos de pares, gerador de competências
sociais, de conhecimento do meio, de convivência, de partilha, de resiliência, de cumprimento de regras, de fruição de prazer, em suma, de enfrentamento das mais diversas e, por vezes, adversas situações vivenciais.
A tese Jogos, Brinquedos e Brincadeiras – Trajectos Intergeracionais sustenta-se teoricamente na Sociologia da Infância para identificar a presença do lúdico no quotidiano das crianças, procurando assinalar contextos e realidades sociais distintas e
discernir, na travessia dos tempos, as formas, os processos de transmissão, as ameaças e as possibilidades de brincar das crianças.
Através de uma investigação de natureza qualitativa, com a realização de entrevistas a
membros das mesmas famílias de quatro gerações (filhos, pais, avós e bisavós), estabelecem-se rotas de acesso ao conhecimento sobre os modos como os jogos, os brinquedos e as brincadeiras têm realizado o seu percurso histórico, sobre os espaçostempos da brincadeira, e sobre as práticas de permissão, transgressão e (re)produção do brincar, para, por meio desse conhecimento, aclarar as configurações sociais, atravessadas por desigualdades sociais e pela diversidade cultural, que permitem e ou inibem a afirmação das crianças como actores sociais e sujeitos produtores de cultura.
Num mundo em mudança global muito acentuada, a cultura lúdica das crianças não poderia nele passar incólume nas suas seculares práticas. Identificar velhos e novos padrões lúdicos pode contribuir para equilibrar uma balança que, cada vez mais, parece
pender para a perda do sentido de autonomia do movimento, da criatividade e do próprio corpo da criança e para a subordinação a formas estandardizadas e mercantis do
brincar.