quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

OESP: Escolas paulistas tombadas

Tombadas 126 escolas, as primeiras da República
OESP

As primeiras escolas públicas de São Paulo, representantes do primeiro plano educacional criado no País, estão agora protegidas. No início do mês, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (Condephaat) tombou 126 escolas construídas entre 1890 e 1930, na Primeira República. Onze ficam na capital. Sete prédios tombados foram projetados por Ramos de Azevedo e outros seguiram o mesmo modelo.
Muitas delas centenárias, a maioria das escolas tombadas - com arquitetura semelhante, de plantas simétricas e influência francesa - mantém o mesmo uso até hoje. "É um tombamento de conjunto, para preservar o momento em que São Paulo fazia um primeiro esforço para investir na educação", disse a arquiteta Silvia Ferreira Santos Wolff, técnica do Condephaat e autora do livro Escolas para a República, que trata do assunto, lançado ontem. "São os primeiros prédios públicos construídos para ser escolas, para instituir um inédito programa pedagógico para capital e interior."
O tombamento de todo o conjunto - algumas eram protegidas individualmente - foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 11. As 126 escolas estão localizadas na capital e em 102 municípios do interior. "Vem para proteger os prédios e também o entorno, para que construções próximas prejudiquem o mínimo possível a visão dos prédios que representam a história da educação no Estado", disse o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo.
As escolas, projetadas primeiramente por Ramos de Azevedo e depois por arquitetos do recém-criado Departamento de Obras do Estado, seguem modelo eclético, com base neoclássica. Construídos na virada do século 19 para o 20, os primeiros prédios são quase todos de dois andares, com oito a 20 salas de aula, divididas por corredores centrais.
Entre os prédios tombados estão remanescentes do primeiro período de construção das escolas no Estado, como os antigos Grupos Escolares de Jundiaí, Campinas e Itapetininga, as primeiras escolas públicas do interior, construídas entre 1890 e 1894, enquanto a República se organizava.
Caetano de Campos. Na capital, além da antiga - e já tombada - Escola Normal Caetano de Campos, na Praça da República, a única remanescente desse primeiro período é a menos conhecida Escola Estadual Romão Puiggari, construída em 1894 no Brás. Até hoje, o prédio projetado por Ramos de Azevedo faz parte da rede pública estadual, abrigando 800 alunos, de 1.ª a 4.ª séries. Outros dez prédios em dez bairros da capital foram protegidos.
"Depois das primeiras escolas, construídas entre 1890 e 1894, houve um segundo grande investimento a partir de 1911, quando mais de 90 escolas foram construídas, principalmente no interior", explicou Silvia. Era a época das escolas térreas, menores e mais baratas, mas que ainda conservavam fachadas semelhantes às antigas.
"O interessante desse tombamento é a preservação dos momentos históricos. Quem observar a arquitetura em conjunto, com a conservação nas fachadas, por exemplo, da denominação "grupo escolar", projeto pedagógico que veio da França, pode querer descobrir seu significado e, assim, entender melhor a história do local onde vive. É uma boa justificativa para o tombamento."
Acessibilidade. Na resolução que protege as escolas, o Condephaat ressalva a possibilidade, após aprovação do conselho, de obras de adaptação para acessibilidade e recomenda a demolição de anexos que tenham modificado os projetos originais.

EM OUTRAS CIDADES

Ribeirão Bonito e Dourados
Construídas em 1908, têm as primeiras plantas térreas

Ribeirão Preto
Com quatro escolas tombadas, teve mais prédios protegidos depois da capital

Botucatu e Pirassununga
Fachadas com ornamentos, projetadas por Carlos Rosencratz

 
A foto que ilustra a matéria no portal do OESP não é a Escola Estadual Romão Puiggari, abaixo a fachada da escola no Brás.
 

Memória da Educação no Arquivo Público do Estado de São Paulo

O Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibiliza um site com documentos digitalizados sobre a história da educação.

“Memória da Educação” é um site direcionado a pesquisadores e interessados nos documentos sobre a história da educação nos séculos XIX e XX que integram o acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo. São disponibilizados relatórios, dados estatísticos, instruções pedagógicas, revistas, trabalhos escolares, ou seja, uma multiplicidade de tipos documentais que permitem uma aproximação do pesquisador com a complexidade dessa temática.




segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Centro de Memória da Educação (Feusp): pesquisas e fontes documentais em história da educação.

Artigo publicado na revista Horizontes, v. 23, n. 2, p. 101-112, jul./dez. 2005.

Resumo


O artigo relata o processo que deu origem à criação do Centro de Memória da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, em 1992, com a aprovação, pela Congregação dessa Faculdade, de proposta encaminhada por um grupo de professoras interessadas em institucionalizar instâncias interdepartamentais que favorecessem a pesquisa em história e historiografia da educação. Descreve o acervo que, hoje, compõe o CME e os projetos de pesquisa que vêm sendo nele desenvolvidos, desde sua fundação, destacando a contribuição do Centro à preservação dos arquivos escolares paulistas.

Artigo completo:

Centro de Memória da Educação resgata a história do ensino.

Matéria sobre o CME-FEUSP no site http://www.educacionista.org.br/.

"Nenhum tipo de pesquisa histórica pode ter êxito sem um acervo relativamente bom à disposição; só se faz história com memória, escrita ou oral - mas a oral tem seus limites, já que é preciso entrevistar personagens vivos. O caso da história da educação não é diferente. Há 17 anos, os pesquisadores desta área que começava a se firmar na Faculdade de Educação (FE) da USP perceberam a necessidade de preservar os documentos que eles levantavam. Propuseram então a instituição de um espaço capaz de amparar e subsidiar as pesquisas neste campo. Nascia assim o Centro de Memória da Educação (CME) da FE."
Luiza Caires / USP Online

matéria completa no endereço:
http://www.educacionista.org.br/jornal/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=1673

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Seminário: Educação e Cultura desafios e atualidades

Seminário promovido pelo Centro de Memória da Educação da FEUSP com o idealizador do Programa Cultura Viva, da Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, Célio Turino. 
Célio Turino (historiador com mestrado pela Unicamp) discutirá questões atuais envolvendo as políticas públicas em educação e cultura no que se relaciona ao comprometimento com a valorização e dinamização da cultura popular brasileira. Estarão presentes na mesa as Professoras Dourotas Carmen Sylvia Vididal Moraes (Coordenadora do CME-FEUSP) e Lisete Arelaro (diretora da FEUSP). 

Dia 3 de setembro às 16h na Faculdade de Educação da USP (auditório) - inscrição no local e entrega de certificados

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Destruição de documentos

Tramita no Congresso Nacional um projeto de Código do Processo Civil (Projeto de Lei nº 166) que, se aprovado sem modificação (do artigo 967, especificamente), permitirá a queima de centenas de milhares de processos. Além de grave agressão à História, a proposta também fere direitos constitucionais de acesso à informação e de produção de prova jurídica.
Os historiadores estão se mobilizando para modificar esta proposta e você pode se engajar nesta causa. Pra começar: no site da Anpuh Nacional há textos informativos e um abaixo-assinado.

http://www.anpuh.org/site/capa 

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Herança Cultural como processo colectivo

Texto da Profa. profa. Dra. Margarida Maria Pereira dos Santos Louro de Felgueiras, docente da Universidade do Porto, apresentado no debate do dia 24/05 na FEUSP, em encontro com representantes de Pontos de Cultura e escolas públicas paulista.

Herança cultural como processo colectivo

Margarida Louro Felgueiras, Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto.

1. Introdução

Quero agradecer publicamente o estar aqui novamente na FE USP onde tenho sido sempre tão amigavelmente recebia e a colaborar com o Centro de Memória e com o projecto Educação e Cultura traçados ponto a ponto. Dou os meus parabéns por este importante projecto e pela designação tão bonita e tão significativa para a construção cultural. De facto a educação como a cultura são traçadas por pequenos gestos quotidianos, que no seu conjunto formam o nosso meio cultural. Ao Centro de Memória, a todas as Professoras e a todos/as os/as colaboradores o meu obrigada por estar hoje convosco aqui.
Pediram-me que falasse sobre herança cultural. Não estou certa de poder corresponder às expectativas mas vou tentar, organizando a minha fala pelos seguintes tópicos:

1. Precisando conceitos de:
- cultura
- património e a questão do valor
- herança cultural como legado material e imaterial

2. Pensar os processos sócio-culturais e educativos em termos de herança cultural
a)- herança conjunto de possibilidades .
b)- herança como o traçado de limites

3.O processo de escolarização como um exemplo de campo gerador de herança cultural e de património educativos

2. Os conceitos e seu significado

2.1. A cultura
O conceito de cultura remonta à época romana e referia-se ao cultivo dos campos. Só muito tardiamente se transformou em cultivo do espírito. O Dicionário Prosódico de Portugal e Brazil, do escritor português João de Deus, edições de 1877 e de 1907, remete a definição de cultura para a realidade agrícola e define-a, no campo do espírito, como “tratar com frequência as letras, as relações de alguém; dar-se com assiduidade ao estudo, ao trato”. Ou seja, a cultura incluia a ideia de civilidade, das boas maneiras do trato social, e guardava ainda o traço de uma acção, de dar-se ao estudo ou tratar as letras.
Na tradição francesa o termo traduz o que de melhor uma época produziu no campo das letras e das artes. A cultura seria composta pelas realizações mais elaboradas do direito, da filosofia, da moral, da literatura, da música e da religião. Ou seja, refere-se sobretudo a formas de pensamento, ao mundo imaterial das ideias, expresso em formas e criações de grande beleza e perfeição. Entra em concorrência com outro conceito, do século XVIII, o de civilização. Com este procurava-se dar conta das realizações técnicas, do Progresso, da riqueza material, que incorpora as ideias mas lhe dá uma tradução concreta, objectivada e observável em técnicas, modos de vida, níveis de consumo, realizações de todo o tipo. O conceito de civilização permitia a mensurabilidade, a distinção entre sociedades e, no seio destas, entre os diferentes grupos que a compõem. Aplicava-se mal às sociedades ditas “primitivas”, cujo desenvolvimento não incluía a noção de cidade ou de um aparato tecnológico elaborado. Daí o surgir da noção de cultura material, termo cunhado por arqueólogos, pré-historiadores e mais tarde historiadores da Nova História, que a definem como “conjunto de resultados materiais, fruto de acções distintas inspiradas por uma mesma tradição” .
No século XX assistiu-se ao esbater da dicotomia entre estes termos, com a historiografia francesa a marcar o compromisso com Histoire, Cultures et Civilizations. Mas fá-lo mantendo uma diferenciação entre duas realidades, que o discurso comum utilizava como barómetros nos contactos entre povos.
A Cultura como sistema de normas e valores e como conjunto de obras-primas de uma época ou sociedade vai ocupar assim um lugar de destaque na narrativa histórica, articulada com os processos sociais, económicos e políticos, que a explicariam. Reconhece também a variedade das culturas e a necessidade de as (re)conhecer, nas suas especificidades sócio-históricas. Nesta concepção de cultura o sistema educativo não tinha densidade nem era reconhecido. Por sua vez, Civilização vai transformar-se numa designação ampla, que passa a nomear grandes conjuntos culturais de geografia variável, diversos mas exibindo alguns traços culturais comuns. Passou lentamente do debate da cultura para o domínio da geo-política. Nesse sentido se entende a expressão civilização ocidental em contraponto com uma civilização árabe ou outra oriental.
Surgiu então um novo conceito, não menos problemático, ‘mentalidades’, que pretendia dar conta das representações, dos estereótipos e das mundividências de uma época ou sociedade, que incluiria em algum grau a referência a hábitus e produções culturais.
No final do século XX, fez-se sentir uma valorização dos actores e suas experiências, muito ligada à sensibilidade do vivido e a uma visão diferencial da cultura, identificando as suas manifestações segundo o género, a idade, os estratos sociais.
Em toda esta deriva à procura de conceitos compreensivos das formas de vida, a focagem fez-se mais pelo “espiritual”, para usar um termo antigo e fora de moda. Mas o projecto contemporâneo de cultura, oriundo da antropologia, como “todo o complexo que compreende o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e as outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade” foi-se afirmando . A cultura passou a ser pensada neste registo. Mas o debate em torno da linguística, da significação fez emergir o discurso como realidade discursiva ou seja , simultaneamente como texto e como cenário, criando realidades mais próximas do virtual do que do vivido.
E contudo, a ligação ao real vivido parece ter-se fortalecido com o estudo do quotidiano , na atenção dada á significação dos actores e do observador, que formam um todo, numa interacção de significações concorrentes mas internas a um mesmo espaço ou campo de acção.
A expansão do conceito de cultura a que hoje assistimos é tributária desta forma antropológica de definir a cultura, que aplica o conceito um pouco a tudo: cultura escolar mas também cultura de empresa, cultura política, cultura de pares, cultura popular, culturas marginais, de pobreza, de morte… A lista é vasta.
A migração do termo cultura para contextos tão diversos dilatou de tal modo o seu significado, que se apresenta hoje mais como um instrumento de manipulação, com vista a obter a adesão dos indivíduos do que um conceito capaz de designar de forma precisa uma dada realidade. Nesta migração o conceito conservou o seu traço de acção. A cultura designava o procedimento, mais do que a qualidade, de arrancar do campo (material ou espiritual) um bem necessário. Na asserção comum, a cultura passou a designar mais a qualidade - o traço que permite fazer a distinção entre grupos sociais. A cultura do espírito, que implicava tempo para a frequência das letras, para a assiduidade ao estudo, em suma para a aprendizagem, passou a designar sobretudo um ornato, que distinguia, hierarquizava e excluía outras formas de cultura. Raramente se refere a “cultura” como termo universal. Há a necessidade de juntar-lhe uma qualificação, de lhe atribuir um campo, de a especificar a sujeitos determinados – a cultura popular, operária, associativa, camponesa, juvenil, a cultura light…- o que opera distinções sucessivas do conceito. Esta variedade de culturas ou grupos culturais indica uma segmentação, uma perda de universalidade mas, simultaneamente, supõe em si mesmo a existência de uma unidade, de um fundo comum como atributo humano geral, emergente da sociedade humana, ainda que cada vez mais implícito e difícil de delimitar. Nas palavras de Morin , a cultura é simultaneamente um capital cognitivo, técnico, mitológico e ritual, de memória, de organização, servido por uma linguagem e gravado na memória dos indivíduos, em primeiro lugar, e depois escrito. É este património cultural herdado “que permite a regeneração permanente da complexidade social”. Possui uma linguagem própria e muito mais diversificada que o património genético, o “que faculta a rememoração, a comunicação, a transmissão de indivíduo para indivíduo e de geração para geração”.

2.2. O património e a questão do valor

O termo “património” tem significado principalmente o conjunto de bens privados, transmitido de pais para filhos, de geração em geração. Segundo Babelon e Chastel (1994, p.49), a inscrição, no conceito de património, do sentido de propriedade comum é uma generalização do uso primeiro do termo e nasceu da consciência de uma colectividade. Os autores salientam que a herança podia conter bens comerciáveis, que constituíam a fortuna, e bens que de algum modo representavam a pessoa, eram inegociáveis e deviam permanecer na família. Tomando ainda como base a definição de Babelon e Chastel (p.58), este duplo significado está presente no conceito actual de património: um bem que pode ter maior ou menor valor de mercado, mas que é considerado fundamental, inalienável tanto pelos valores que se lhe atribuem e o explicam, como pelo sentimento de um laço comum, de uma riqueza moral. Se no passado este sentimento se referia predominantemente à nação, hoje parece ser indispensável ao reforço de grupos profissionais, das comunidades locais, regionais, supranacionais ou da Humanidade (UNESCO, 1972 ) . Por isso temos necessidade de falar de um património mundial e de conservar conjuntos considerados de valor universal. Perante o crescimento sem precedentes da chamada era “pós industrial” e da destruição, que desencadeia, uma nova preocupação de carácter etnológico veio chamar a atenção para os procedimentos da vida simples, do quotidiano, das tradições populares, dos espaços, enriquecendo a consciência de um bem comum. O património é visto inserido num espaço de vida, organizado e edificado, povoado por conjuntos de objectos portadores de formas, imagens, significados e valores. Património que é “resignificado” primeiramente pelas comunidades que o herdam e pode e deve ser partilhado por grupos mais vastos e afastados, como contributo para a formação de um imaginário comum, que poderá ser fortalecido por laços afectivos.

2.3. Herança cultural como legado material e imaterial

Por herança cultural entendemos o legado de bens materiais quanto simbólicos, as práticas, as tácticas, as brincadeiras e as canções, as recordações construídas em um espaço relacional, num quadro físico e social estruturado. Contém um sentido afectivo, um valor deixado em formas de ver, de pensar, de actuar. Algo que não podemos alienar, sem nos transformarmos nessa mudança. Implica a cultura material articulada com uma visão etnológica do social, em que o artefacto é portador de intenções, valorizações e saberes.
Na sua actividade os indivíduos relacionam-se com um mundo que lhes pré-existe, constituído por objectos tanto físicos como ideais. Mundo transformado por gerações sucessivas, que é submetido a um processo de apropriação singular, que se inscreve na história de cada pessoa. Ao mesmo tempo essas acções têm um conteúdo concreto, objectivo, apropriado às significações e inscritas nas relações sociais. São essas acções de gerações, que constituem toda uma herança cultural simultaneamente material e imaterial, que nos é legada de formas diversas e que não podemos alienar.
Se o património acentua o valor de mercadoria a herança sublinha os afectos que unem as pessoas aos objectos, às memórias, aos gestos, aos espaços e vida, às formas de ver o mundo. Por esse motivo preferimos falar em Herança Cultural.
Falar de herança cultural assume hoje a dupla referência a culturas locais e a cultura global. O mundo aparece-nos, mercê dos meios técnicos de informação, de transporte com um grau de proximidade que o torna um espaço único, comprimido, onde damos conta e nos familiarizamos com uma enorme diversidade de culturas. Este reconhecimento do planeta como uma aldeia, leva-nos ao reconhecimento de espaços naturais e sociais a serem preservados como herança da Humanidade. É o caso do reconhecimento pela UNESCO do conjunto urbano da cidade do Porto, da zona vinícola do Alto Douro (produtora do vinho do Porto) ou da siderurgia de Volkingen como patrimónios da humanidade. Sendo uma classificação que indicia a apresentação dos locais como “universais”, simultaneamente reconhece neles o carácter específico de “local”. Este exemplo coloca-nos perante o paradoxo dos tempos actuais, ditos pós-modernos e de globalização, onde se processam ao mesmo tempo, fenómenos de localização e afirmação de culturas locais. A globalização que procede à homogeneização de consumos, comportamentos, organização de espaços e desenvolvimento de “terceiras culturas” , traz em si a quebra de um sentido único e hierarquizado de cultura e a procura de um “sentido do lugar” . Torna-se então indispensável clarificar o conceito de cultura local, já que trabalhamos com a transmissão da herança cultural (local-nacional; europeia e global).
Segundo Featherstone (1997), a cultura local refere-se geralmente a fenómenos particulares, circunscritos a um espaço limitado e povoado por relações interpessoais densas. Na cultura local enfatiza-se o conhecimento do meio físico, os hábitos e rotinas quotidianas, com rituais, símbolos e cerimónias que reforçam os elos entre pessoas e criam um sentimento comum face ao passado. São essas experiências vividas em comum que ficam sedimentadas nos espaços, edifícios e relações entre pessoas que criam o sentimento de pertença e o “sentido de lugar”. A cultura local é deste modo um conceito relacional que estabelece fronteiras comunitárias de identidade e de exclusão dos que lhe são exteriores. No quadro da globalização económica e de informação há uma necessidade mais premente de inteligibilidade, tanto mais que os fluxos das indústrias culturais globais tendem a destruir a memória colectiva e o “sentido do local”, criando um sentimento de desenraizamento.
A noção histórica de passado constrói-se sobretudo através de práticas comemorativas e ritualistas, desde as festas familiares às celebrações comunitárias mais alargadas. São estas práticas que alimentam as relações emocionais entre pessoas e promovem sedimentações simbólicas de gestos, sons, imagens, cheiros, nos espaços colectivos, nos edifícios, investidos de afectividade. Sem estas sedimentações simbólicas e afectivas não há “capital cultural reconhecível”. Daí a importância da recriação e celebração de tradições, identificação de formas de vida do passado na construção de um sentido de localidade e de identidades plurais. São disso exemplo, segundo Featherstone (1997)
“Os parque temáticos, alguns museus contemporâneos e toda a indústria relacionada com o património contribuem para produzir uma sensação de bem-estar que nos transporta a um passado vivido sob a forma de ficção”.
Estas formas actuais de preservação “onde o real se confunde com a simulação” permite aos mais idosos reforçar um “sentido de lugar” já perdido e aos mais jovens recriar realisticamente aspectos culturais do passado.

3. Pensar os processos sócio-culturais e educativos em termos de herança cultural implica a consideração da herança como conjunto de possibilidades. O conhecimento do realizado permite avaliar, distanciar, traçar rumos, ter informação como apoio à decisão, com valor cultural de futuro. O que possibilita a criação de memórias com projectos de futuro. Ou, de outra forma, instaurar a tradição do futuro. Já não se trata do futuro da tradição, mas qual a tradição em que queremos instaurar o futuro. É nesse sentido que é extremamente importante, quer ao nível da herança educativa quer ao nível do trabalho dos Pontos de Cultura organizar a memória do trabalho que se vai realizando. Isto se queremos de facto inscrever as nossas práticas na tradição e um novo futuro. É disto exemplo, em Portugal, o trabalho da equipa e Boaventura Sousa Santos, que levou à criação de um centro e memória sobre a Revolução do 25 de Abril em Coimbra. É necessário instaurar a tradição do novo para que possa existir como futuro. E isso faz-se através dos rituais comemorativos, pela narrativa da historicidade, pelo criação de locais de guarda, estudo, divulgação – e arquivos, museus, centros e documentação.
A herança como o traçado de limites, definidos pelo pensado e agido e que traçam o pensável de cada sociedade. Os limites traçam o campo do pensável, criam habitus, mostram impactos de acções e omissões. Assim podemos afirmar que o passado nos pesa, impondo limitações ao que se pode pensar, experimentar, fazer. A herança traduz um universo de experiências, que nos permite pensar e a que podemos recorrer. Se tivermos tido o cuidado de preservar.

24 de Maio de 2010
Centro de Memória da Educação da USP, São Paulo 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Escolas rurais ainda têm estrutura deficiente; 70% não contam com biblioteca

Pesquisa divulgada hoje (20) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta para uma realidade preocupante nas escolas rurais, especialmente em termos de infraestrutura. Entre as 50 escolas de dez estados que participaram da pesquisa, 70% não tinham biblioteca, 66% não contavam com computador e 92% não tinha acesso à internet. A única ferramenta pedagógica que foi encontrada em todas unidades e em boas condições de uso foi o quadro negro. Mais de 70% ainda utiliza o mimeógrafo para reproduzir materiais como provas e exercícios.
A pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto Paulo Montenegro, braço do Ibope. O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, defendeu que os resultados apontados pela pesquisa são consequência do descaso com a educação a partir da priorização das escolas urbanas.
“Na década de 90 a educação no campo foi pensada de maneira equivocada. Priorizou-se o transporte escolar dessas crianças para a cidade e muitas escolas foram fechadas”, afirmou. Segundo Sanches, muitos municípios fazem essa opção porque os custos para manter uma escola aberta são altos já que geralmente são unidades com poucos alunos.
“Hoje os municípios têm um gasto enorme com transporte escolar quando esses recursos poderiam ser investidos em capacitação desses professores, equipamentos e infraestrutura”, comparou.
Rosa Neide de Almeida, representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), apontou que a situação precária das escolas do campo é consequência da priorização, por parte dos gestores, das escolas da cidade. "A própria linguagem nessas escolas é distanciada da realidade do campo", disse.
A pesquisa traz também alguns dados sobre a organização da escola. Metade delas não possui diretor e em 44% delas todos os alunos estavam em classes multisseriadas. Nesse formato, alunos de diferentes idades estudam em uma mesma classe, aprendendo conteúdos diferentes de acordo com a série em que estão. Esse modelo é muito comum nas escolas rurais, já que elas contam com poucos alunos e há dificuldade de acesso de professores em grande número.
Dos professores que fazem parte da pesquisa, mais de 60% tinham curso superior. Ao mesmo tempo, 66% deles recebiam de um a dois salários mínimos por mês. Com raras exceções, as redes de ensino declararam que os seus educadores não tinham recebido uma capacitação diferenciada para trabalhar com classes multisseriadas.
Para a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA, os dados são reflexos do descaso do governo com o campo, que atinge todas as áreas. “Se observarmos a execução orçamentária dos principais ministérios nos últimos dez anos, percebemos que, fora o crédito rural, houve uma redução dos investimentos. As dificuldades do campo não são consideradas quando as políticas públicas são formatas e como tem menos gente no campo as políticas públicas se concentram onde há mais eleitores”, afirmou.
A senadora reclamou que apenas em 2009 a Prova Brasil, principal avaliação do Ministério da Educação (MEC), chegou às escolas rurais. É por meio desse exame que o MEC calcula o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de cada escola. “Ainda assim, a Prova Brasil só é aplicada nas classes seriadas, que são a minoria nas escolas”, defendeu.
Segundo o MEC, os critérios técnicos do exame exigem um mínimo de 20 alunos por turma para que a prova seja aplicada. A baixa participação das escolas rurais ocorre porque na maioria delas as turmas têm um número reduzido de estudantes por série.
O diretor de Concepções e Orientações Curriculares para a Educação Básica do MEC, Carlos Artexes, afirmou, durante o lançamento da pesquisa, que a pasta tem uma estrutura dentro da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) para pensar as questões do campo. “Não existe uma solução pronta para a educação rural”, destacou. Segundo Artexes, o primeiro passo é assumir “o compromisso de chegar no campo” e o papel do MEC é de articulador, garantindo apoio técnico e financeiro às redes de ensino.

Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil, em Brasília
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/05/20/escolas-rurais-ainda-tem-estrutura-deficiente-70-nao-contam-com-biblioteca.jhtm

terça-feira, 18 de maio de 2010

Acervo CME-FEUSP: museu de sensibilização




Peças do CRPE, da Escola Saldanha Marinho (Acervo João Penteado) e doações.

Defesa de doutorado

A Escrituração Escolar: produção, organização e movimentação de papéis na Escola Pública Paulista, 1893 a 1920.

- No dia 26/05/2010 às 14h, Iomar Zaia, pesquisadora e arquivista do CME, defenderá a tese de doutorado na Faculdade de Educação da USP.  


quarta-feira, 12 de maio de 2010

Publicações CME: DVD Inventário de Fontes Arquivo João Penteado

Coordenado pela Profa. Dra. Carmen Sylvia Vidigal Moraes e projeto financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

O Acervo João Penteado agrega fontes institucionais (escolares) e pessoais reunidas pelo educador libertário (1912 a 1961), de grande relevância para a história da educação e para a história social do movimento anarquista, no Brasil.
O Arquivo Institucional compõe-se dos fundos provenientes dos estabelecimentos de ensino dirigidos pelo professor João Penteado, ao longo de quase 50 anos: Escola Moderna n.1 (1912-1919); Escola Nova (1920-1923); Academia de Comércio Saldanha Marinho (1924-1943); Escola Técnica de Comércio Saldanha Marinho (1944-1947); Ginásio e Escola Técnica Saldanha Marinho (1948-1961). É constituído por cerca de 37.610 documentos administrativos e pedagógicos, 4.800 fotos (900 fotografias soltas e 24 álbuns de formatura e de outros eventos escolares), 300 exemplares de jornais elaborados por professores e alunos, e, aproximadamente, 175 peças museológicas (quadros, objetos do antigo laboratório para o ensino de ciências, maquinário das aulas de datilografia, entre outros, além de móveis utilizados na escola, como estantes e carteiras).
O Arquivo Pessoal reúne 751 documentos: fotografias, correspondências e produção intelectual de João Penteado (livros, peças de teatro, poemas, discursos, textos didáticos).



Para maiores informações entrar em contato com o CME-FEUSP, cmeusp@usp.br ou http://www.cme.fe.usp.br/.


Artigo: Revista SBHE, nº 10 - jul/dez 2005


O lugar do arquivo permanente dentro de um centro de memória escolar

O texto tem como proposta principal apresentar algumas questões relacionadas ao tratamento de arquivos educacionais históricos dentro das instituições de ensino no que diz respeito ao acesso à informação para o desenvolvimento de pesquisas. Entende-se que, para além das práticas de pesquisa, há também as práticas do arquivo que relacionam preocupações quanto à preservação do suporte documental, sua organização e seu acesso. O tratamento, neste texto, dessas questões toma como base as experiências acumuladas na participação em três projetos organizados por docentes da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) como pesquisadores do Centro de Memória da Educação (CME-FEUSP), ao longo de quase uma década.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

SEMINÁRIO DE ENSINO

04 de maio, 16h00, Auditório Adma Jafet IF – USP
Sobre cultura escolar e história da educação: questões para debate
Profa. Dra. Diana Vidal - FE-USP

A palestra tem por objetivo discorrer sobre as razões que tornaram possível a emergência da cultura escolar como categoria explicativa no âmbito da história da educação. Para tanto, pretendo percorrer três problemáticas. Inicialmente, rastrear o decisivo interesse pela cultura e por suas formas que disseminação que desponta nos finais dos anos 1950, mas que atinge de modo mais consistente o campo nos anos 1960 e 1970. Em seguida, escrutinar alguns conceitos de cultura escolar que circulam no cenário educacional brasileiro. Em terceiro lugar, perceber os desdobramentos para a pesquisa em história da educação da adesão à cultura escolar como explicativo dos processos ocorridos dentro e fora da escola. Ao final da intervenção, é minha intenção interrogar se o uso freqüente da cultura escolar nas análises não a tem transformado em uma fórmula ou slogan para o campo.

Indicação de leitura: VIDAL, Diana. No interior da sala de aula: ensaio sobre cultura e prática escolares (Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/art_v9_n1.htm).

terça-feira, 27 de abril de 2010

SP só preserva 1% dos documentos históricos

O Estado de São Paulo 18 de abril de 2010.

Embora haja lei sobre catalogação, tema é negligenciado por Estado e municípios; MP já cobrou adequação do poder público

Imagine uma viagem entre Cananeia - município mais ao sul do Estado - e Populina - cidade do extremo norte. Enfileirados, os papéis históricos sob responsabilidade do governo estadual cobririam todos os 900 quilômetros de distância. Entretanto, encontrar informação pontual em meio a essa papelada é tarefa para lá de detetivesca. Apenas 9 km - você leu certo: 1% - estão catalogados.
Usando a mesma analogia, se considerarmos os documentos disponíveis para pesquisa, a viagem não sairia de Cananeia.
Desprezada historicamente, uma política pública de arquivos é importante pela relevância dos documentos produzidos. Além do cunho histórico, ela colabora para agilidade administrativa, revelando o desenvolvimento das cidades, evitando repetição de erros; e também para os cidadãos, como quem procura, por exemplo, documentação para conseguir cidadania estrangeira. E são importantes para transparência: podem mostrar como o dinheiro público foi gasto.
Lei própria. Há legislação específica para o tema - a Lei de Arquivos, de 1991. Mas os pontos são negligenciados. Por exemplo, em relação aos arquivos públicos municipais: o Estado teria de fornecer orientação técnica permanente. A realidade, porém, é dura: não há nem a certeza se os 67 arquivos paulistas reconhecidos estão em funcionamento.
"Não podemos ditar regras para os municípios, não temos essa atribuição. O que devemos fazer é orientá-los, para que guardem direito os documentos. O problema é que faltam condições atualmente de pesquisar e visitar cada um", diz o coordenador do Arquivo Público do Estado, Carlos Bacellar. "São cerca de dez pessoas. Estamos tentando desenvolver um método de informatização exemplar para as secretarias", explica.
Para isso, acaba de ser criado o Comitê Gestor do Sistema de Arquivos, que pretende monitorar os documentos - um protótipo deve ser instalado em seis secretarias até o fim deste mês. Ainda assim, não há prazo para que se torne efetivo em todas elas.
A ineficiência chegou ao Ministério Público Estadual que, nos últimos dez anos, acionou 39 municípios por falhas na conservação e manutenção dos documentos. Em fevereiro, a Procuradoria-Geral de Justiça chegou a publicar aviso recomendando aos promotores especial atenção para os arquivos públicos. "É preciso orientar, lembrando o valor histórico e cultural desse material, que não pode ser perdido", comenta a promotora Cristina Godoy de Araújo Freitas.
Política pública. "O governo deveria criar uma política pública demonstrando esforço e vontade na organização dos arquivos", afirma o historiador Pedro Luís Puntoni, da Universidade de São Paulo. Entre 1999 e 2004, ele esteve à frente do projeto Políticas de Gestão de Documentos, Institucionalização e Implantação de Arquivos Municipais no Estado de São Paulo. "No México, por exemplo, após um levantamento, ficou concluído que a situação no início dos anos 2000 era tão calamitosa quanto a nossa. O governo convocou o Exército, que destacou mil militares para estudar e trabalhar na organização dos arquivos."
Puntoni admite que a intenção de seu projeto era inspirar a criação de uma política rígida no sentido de zelar pelo material. O modelo dos sonhos seria o que funciona em Barcelona, na Espanha. Lá, toda vez que um documento público é criado, já carrega um código que determina para onde ele deve ir e como poderá ser encontrado quando necessário - até mesmo com a previsão de data para ser descartado, se for o caso.
Toda a burocracia é integrada, facilitando a pesquisa, o arquivamento e o próprio funcionamento dos órgãos públicos.
Desperdício. "Quanto dinheiro o governo perde com a desorganização?", provoca o historiador. "Por não conseguir encontrar documentação correta, há muitos casos em que o Estado perde até processos judiciais."
A situação deve melhorar em breve. Com a ampliação do Arquivo Público do Estado, iniciada em novembro e com término previsto para dezembro, há projeto para organizar outros 81 km. Assim, a "estrada" da papelada histórica chegará a 90 km - 10% do total de nosso "trajeto".


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Palestra

Fontes para a História das Práticas Escolares: abordagens e perspectivas de investigação.
Palestrante: Ana Chrystina Venancio Mignot (Faculdade de Educação da UERJ)
22 de abril de 2010, às 17:30h - Faculdade de Educação da USP - Sala 116 - Bloco B

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Arquivo


Trabalho no arquivo da EE Sud Minnucci (Piracicaba-SP)

Turminha da Memória


Higienização de fotografias




Imagem do CME-FEUSP


Pontão de Cultura

A partir de 2010 o CME-FEUSP também é um Pontão de Cultura (ver www.cultura.gov.br) denominado Cultura e Educação traçadas PONTO a PONTO, e pretende trabalhar com os Pontos de Cultura do Estado de São Paulo e antigas escolas públicas estaduais na área de gestão documental e preservação da memória.
No dia 24 de maio será realizado o primeiro encontro na Faculdade de Educação, com a participação da profa. Dra. Margarida Maria Pereira dos Santos Louro de Felgueiras, docente da Universidade do Porto, que vai discutir o tema Herança Cultural. Para esse evento foram convidados 10 Pontos de Cultura e 5 escolas do Estado de São Paulo. Também estarão presentes as professoras coordenadoras do CME-FEUSP, convidados do Centro de Referência em Educação Mário Covas, Secretaria Estadual da Educação e Secretaria Estadual da Cultura.

TEIA 2010

Entre os dias 25 a 31 de março, aconteceu em Fortaleza-CE o maior evento de cultura brasileira, a TEIA 2010, que reuniu Pontos de Cultura de todo o Brasil. A equipe do CME-FEUSP participou do evento para representar o Pontão de Cultura: Cultura e Educação traçadas PONTO a PONTO.