quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

OESP: Escolas paulistas tombadas

Tombadas 126 escolas, as primeiras da República
OESP

As primeiras escolas públicas de São Paulo, representantes do primeiro plano educacional criado no País, estão agora protegidas. No início do mês, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (Condephaat) tombou 126 escolas construídas entre 1890 e 1930, na Primeira República. Onze ficam na capital. Sete prédios tombados foram projetados por Ramos de Azevedo e outros seguiram o mesmo modelo.
Muitas delas centenárias, a maioria das escolas tombadas - com arquitetura semelhante, de plantas simétricas e influência francesa - mantém o mesmo uso até hoje. "É um tombamento de conjunto, para preservar o momento em que São Paulo fazia um primeiro esforço para investir na educação", disse a arquiteta Silvia Ferreira Santos Wolff, técnica do Condephaat e autora do livro Escolas para a República, que trata do assunto, lançado ontem. "São os primeiros prédios públicos construídos para ser escolas, para instituir um inédito programa pedagógico para capital e interior."
O tombamento de todo o conjunto - algumas eram protegidas individualmente - foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 11. As 126 escolas estão localizadas na capital e em 102 municípios do interior. "Vem para proteger os prédios e também o entorno, para que construções próximas prejudiquem o mínimo possível a visão dos prédios que representam a história da educação no Estado", disse o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo.
As escolas, projetadas primeiramente por Ramos de Azevedo e depois por arquitetos do recém-criado Departamento de Obras do Estado, seguem modelo eclético, com base neoclássica. Construídos na virada do século 19 para o 20, os primeiros prédios são quase todos de dois andares, com oito a 20 salas de aula, divididas por corredores centrais.
Entre os prédios tombados estão remanescentes do primeiro período de construção das escolas no Estado, como os antigos Grupos Escolares de Jundiaí, Campinas e Itapetininga, as primeiras escolas públicas do interior, construídas entre 1890 e 1894, enquanto a República se organizava.
Caetano de Campos. Na capital, além da antiga - e já tombada - Escola Normal Caetano de Campos, na Praça da República, a única remanescente desse primeiro período é a menos conhecida Escola Estadual Romão Puiggari, construída em 1894 no Brás. Até hoje, o prédio projetado por Ramos de Azevedo faz parte da rede pública estadual, abrigando 800 alunos, de 1.ª a 4.ª séries. Outros dez prédios em dez bairros da capital foram protegidos.
"Depois das primeiras escolas, construídas entre 1890 e 1894, houve um segundo grande investimento a partir de 1911, quando mais de 90 escolas foram construídas, principalmente no interior", explicou Silvia. Era a época das escolas térreas, menores e mais baratas, mas que ainda conservavam fachadas semelhantes às antigas.
"O interessante desse tombamento é a preservação dos momentos históricos. Quem observar a arquitetura em conjunto, com a conservação nas fachadas, por exemplo, da denominação "grupo escolar", projeto pedagógico que veio da França, pode querer descobrir seu significado e, assim, entender melhor a história do local onde vive. É uma boa justificativa para o tombamento."
Acessibilidade. Na resolução que protege as escolas, o Condephaat ressalva a possibilidade, após aprovação do conselho, de obras de adaptação para acessibilidade e recomenda a demolição de anexos que tenham modificado os projetos originais.

EM OUTRAS CIDADES

Ribeirão Bonito e Dourados
Construídas em 1908, têm as primeiras plantas térreas

Ribeirão Preto
Com quatro escolas tombadas, teve mais prédios protegidos depois da capital

Botucatu e Pirassununga
Fachadas com ornamentos, projetadas por Carlos Rosencratz

 
A foto que ilustra a matéria no portal do OESP não é a Escola Estadual Romão Puiggari, abaixo a fachada da escola no Brás.
 

Memória da Educação no Arquivo Público do Estado de São Paulo

O Arquivo Público do Estado de São Paulo disponibiliza um site com documentos digitalizados sobre a história da educação.

“Memória da Educação” é um site direcionado a pesquisadores e interessados nos documentos sobre a história da educação nos séculos XIX e XX que integram o acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo. São disponibilizados relatórios, dados estatísticos, instruções pedagógicas, revistas, trabalhos escolares, ou seja, uma multiplicidade de tipos documentais que permitem uma aproximação do pesquisador com a complexidade dessa temática.