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As primeiras escolas públicas de São Paulo, representantes do primeiro plano educacional criado no País, estão agora protegidas. No início do mês, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (Condephaat) tombou 126 escolas construídas entre 1890 e 1930, na Primeira República. Onze ficam na capital. Sete prédios tombados foram projetados por Ramos de Azevedo e outros seguiram o mesmo modelo.
Muitas delas centenárias, a maioria das escolas tombadas - com arquitetura semelhante, de plantas simétricas e influência francesa - mantém o mesmo uso até hoje. "É um tombamento de conjunto, para preservar o momento em que São Paulo fazia um primeiro esforço para investir na educação", disse a arquiteta Silvia Ferreira Santos Wolff, técnica do Condephaat e autora do livro Escolas para a República, que trata do assunto, lançado ontem. "São os primeiros prédios públicos construídos para ser escolas, para instituir um inédito programa pedagógico para capital e interior."
O tombamento de todo o conjunto - algumas eram protegidas individualmente - foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 11. As 126 escolas estão localizadas na capital e em 102 municípios do interior. "Vem para proteger os prédios e também o entorno, para que construções próximas prejudiquem o mínimo possível a visão dos prédios que representam a história da educação no Estado", disse o secretário de Estado da Cultura, Andrea Matarazzo.
As escolas, projetadas primeiramente por Ramos de Azevedo e depois por arquitetos do recém-criado Departamento de Obras do Estado, seguem modelo eclético, com base neoclássica. Construídos na virada do século 19 para o 20, os primeiros prédios são quase todos de dois andares, com oito a 20 salas de aula, divididas por corredores centrais.
Entre os prédios tombados estão remanescentes do primeiro período de construção das escolas no Estado, como os antigos Grupos Escolares de Jundiaí, Campinas e Itapetininga, as primeiras escolas públicas do interior, construídas entre 1890 e 1894, enquanto a República se organizava.
Caetano de Campos. Na capital, além da antiga - e já tombada - Escola Normal Caetano de Campos, na Praça da República, a única remanescente desse primeiro período é a menos conhecida Escola Estadual Romão Puiggari, construída em 1894 no Brás. Até hoje, o prédio projetado por Ramos de Azevedo faz parte da rede pública estadual, abrigando 800 alunos, de 1.ª a 4.ª séries. Outros dez prédios em dez bairros da capital foram protegidos.
"Depois das primeiras escolas, construídas entre 1890 e 1894, houve um segundo grande investimento a partir de 1911, quando mais de 90 escolas foram construídas, principalmente no interior", explicou Silvia. Era a época das escolas térreas, menores e mais baratas, mas que ainda conservavam fachadas semelhantes às antigas.
"O interessante desse tombamento é a preservação dos momentos históricos. Quem observar a arquitetura em conjunto, com a conservação nas fachadas, por exemplo, da denominação "grupo escolar", projeto pedagógico que veio da França, pode querer descobrir seu significado e, assim, entender melhor a história do local onde vive. É uma boa justificativa para o tombamento."
Acessibilidade. Na resolução que protege as escolas, o Condephaat ressalva a possibilidade, após aprovação do conselho, de obras de adaptação para acessibilidade e recomenda a demolição de anexos que tenham modificado os projetos originais.
EM OUTRAS CIDADES
Ribeirão Bonito e Dourados
Construídas em 1908, têm as primeiras plantas térreas
Ribeirão Preto
Com quatro escolas tombadas, teve mais prédios protegidos depois da capital
Botucatu e Pirassununga
Fachadas com ornamentos, projetadas por Carlos Rosencratz
A foto que ilustra a matéria no portal do OESP não é a Escola Estadual Romão Puiggari, abaixo a fachada da escola no Brás.
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